O meio, o centro, a Pixar e a morte
Você conhece Simon Gurney?
Ele é um rapaz australiano que tem viajado o Brasil e acabou virando uma espécie digital influencer de viagens.
No começo deste ano, vi notícias e compartilhamentos de Gurney em sua passagem aqui pela cidade.
Ele voltou ao noticiário de sites regionais ao mostrar suas novas tatuagens, que fazem médias com algumas regiões (Roraima e Cuiabá, por exemplo).
Uma das tatuagens chamou minha atenção devido à sua repercussão:
A mídia regional tanto de Mato Grosso quanto de Mato Grosso do Sul comemorou essa tatuagem.
Desde antes da divisão dos estados, já existia uma rivalidade entre as regiões que agora compõem os dois estados por questões políticas (a elite política do antigo estado era ligada ao atual sul) e econômicas (as cidades do atual sul se desenvolveram mais até a divisão, principalmente pela proximidade ao estado de São Paulo).
Após a divisão, essa disputa segue em banho-maria e fica mais no aspecto cultural, com exceção à disputa para ver qual das capitais seria escolhida como cidade-sede da Copa 2014.
Mas nosso mate Gurney agradou a todos ao apenas dizer que ambos estados são diferentes. Um não é o mesmo que o outro.
Essa lição que apareceu de uma fonte insuspeita fala muito sobre um caminho para conversarmos, um não é outro, o que é bom para ele talvez não seja o bom para mim, e vice versa.
Ao ler o tão falado Ioga, de Emmanuel Carrère, acabei decorando alguns aforismos repetidos pelo autor, que dizia algo como ninguém é melhor, pior ou igual ao outro.
Eu serei um dos professores desse curso. Quer saber mais? Só seguir o link.
Recentemente, no podcast Ponto de Partida, o Pedro Dória nos trouxe o poema Second Coming, de William Butler Yeats. Tradução de Paulo Vizioli:
Girando e girando a voltas crescentes
O falcão não escuta o falcoeiro.
Tudo se parte, o centro não sustenta.
Mera anarquia avança sobre o mundo,
Marés sujas de sangue em toda parte
Os ritos da inocência sufocados.
Os melhores sem suas convicções,
Os piores com as mais fortes paixões.
O poema é de 1919, e como o próprio Pedro apontou. Uma época conturbada, que se parece muito com nossos dias. Há espaço para o centro sustentar algo?
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Tive a honra de participar do podcast Capivara na Faixa, da Assembleia Legislativa de Mato Grosso. A secretária de serviços legislativos da ALMT, Katiuscia Manteli, e eu falamos um pouco sobre o processo legislativo estadual.
Quero agradecer todos da produção nas pessoas dos apresentadores Marcella Lírio e Jardel Arruda.
A proximidade do Dia de Finados e de uma outra data de importância pessoal que acontece no fim de outubro me fazem pensar mais sobre a morte e o fato de que nossa presença aqui na Terra é um instante.
Nesses tempos, revisitei o livro Para Toda a Eternidade: Conhecendo o mundo de mãos dadas com a morte, de Caitlin Doughty. A autora começa lembrando que no passado, nos EUA, os funerais aconteciam na sala de casa (o que também é comum em algumas partes do Brasil), sob os olhos de adultos e crianças, parentes, amigos e até desconhecidos. Enquanto isso, os partos aconteciam em quartos fechados, longe dos "olhos da sociedade."
Não que os partos devam voltar a ser escondidos, mas Caitlin mostra que nossa relação com a passagem de nossos entes queridos pode ser encarada de uma maneira diferente. Uma celebração da vida deles, por que não?
Outra coisa que ela mostra nessa história de estrada são as diferentes maneiras de destinação de nossos restos mortais. Por mais que ache bonitos alguns tipos de cemitérios antigos, com estátuas e muita história, ficaria muito satisfeito se meu corpo pudesse ser devolvido para ser decomposto na natureza, que eu virasse uma árvore. Quase como acontece em outro livro, a ficção científica Orador dos Mortos1.
A Pixar e o Bing apresentaram a IA generativa de imagens para todos só que…
Junto veio uma discussão sobre os vieses existentes no material que serve como base para a inteligência artificial, essas referências boa parte das vezes são problemáticas.
Houve um caso de alegação de racismo algoritmo por uma parlamentar (matéria do Garimpo conta mais sobre o caso).
Tentei criar alguma coisa estilo Pixar para a QPD e olha só o que apareceu:2
A maioria de parlamentares homens não deixa de ser um retrato da realidade. Mas e a presença de militares e policiais?
Lembrando que essas foram só duas das imagens criadas. As outras duas não tiveram essa referência (uma delas foi para Instagram da newsletter).
O cerco contra os vapes
Ano passado houve uma edição da QPD só sobre o curioso caso dos cigarros eletrônicos, que foram proibidos por lei em alguns estados brasileiros sendo que a própria Anvisa ainda não autorizou a comercialização dos mesmos em nosso país.
O assunto já está tramitando no Congresso Nacional enquanto isso o Reino Unido, que mais cedo nesse ano anunciou proposta de oferecer cigarro eletrônico aos fumantes, agora foi tomado por propostas de restrição após uma criança de 12 ano ter entrado em coma após o uso destes dispositivos.
Desde a edição passada, a QPD está mais variada nos assuntos, será uma mudança editorial? Me ajude:
Vale o clique
Indicadores para Parlamentos Democráticos (em inglês). Uma ferramenta de autoavaliação projetada para ajudar os parlamentos a avaliar sua capacidade e prática em relação aos padrões democráticos estabelecidos.
Ultimamente tenho escutado alguns shows, no modo de repetição mesmo. Postal Service em Denver (queria muito ir nessa turnê de 20 anos do álbum e ainda rola cover de Enjoy the Silence), Parcels no La Cigale (lá no passado, assisti a um show da Lykke Li nesse lugar, que é muito bacana, já os Parcels me foram apresentados pelo amigo Daniel Soares, eterno coator do Factóide) e o Vulfpack no Bonnaroo.
Revista do Instituto Legislativo Paulista. O foco da edição é a advocacia pública no poder legislativo.
Duas reflexões sobre as eleições hermanas, da
e do Humberto Frederico, aqui e aqui respectivamente.17 projetos para enfrentar ‘Custo Brasil’. Vi no
(assinei pois me considero meio capixaba3).Por falar em Custo Brasil,
fala sobre a complexidade disfuncional da nossa sociedade ao contar a história da dificuldade de uma comunidade indígena em fornecer seus produtos de agricultura familiar para a merenda de escolas próximas.
Vizinhança
Quinze por Dia, ou simplesmente QPD, é uma newsletter quinzenal com histórias, pensamentos e indicações sobre temas ligados ao Poder Legislativo, política e afins, por Gabriel Lucas Scardini Barros. Estou à disposição para conversar no Instagram @gabriel_lucas. Caso tenha recebido esse e-mail de alguém ou chegou pelo navegador, siga esse link para assinar.
O livro é continuação de outro livro Jogo do Exterminador, que virou filme com o nome original do livro: Ender’s Game. Um dia ainda sai uma QPD só sobre vida e obra de Orson Scott Card.
O prompt que gerou as imagens: "Quinze por Dia" Poster, Themed in Brazilian Politics, Legislative Process, and Parliament, In the Style of Pixar Films.