Você conhece o Taleb?
Nassim Nicholas Taleb é um nome sempre citado nos meios de investimento e de empreendedorismo. O autor líbano-americano é conhecido por obras como Antifrágil, Arriscando a Própria Pele e a Lógica do Cisne Negro. Sendo esse último, talvez a obra mais referenciada, para explicar eventos raros e imprevisíveis. Quando acontece alguma coisa que estava fora do radar de todos, que nunca havia sido vista, geralmente se fala que aconteceu um cisne negro, dado que ver um cisne branco é algo comum, enquanto o outro cisne seria uma visão extraordinária. O 11 de setembro ou o Joesley Day são exemplos citados de maneira recorrente para exemplificar essa ideia.
A pandemia de covid-19 seria também um cisne negro?
Não. O próprio Taleb afirmou que a pandemia trata-se de um cisne branco um evento de impacto mundial, mas previsível, da mesma maneira que é uma bela visão encontrar um cisne nadando em um lago durante um passeio, mas trata-se de algo que poderia ser previsto (principalmente se o cisne for uma ave da sua região).
Além de cisnes brancos como pandemia, outras questões podem estar no nosso caminho, tais quais uma crise econômica mais aguda ou adversidades naturais.
Um dos eixos para a escolha de candidatos então seria sua capacidade de lidar com as adversidades que surgirão, muitas delas às quais nem imaginamos no momento da campanha.
Nem só de desgraça vive a condução de um mandato, muitas coisas boas podem acontecer. E ainda assim é importante saber reagir a essas situações favoráveis.
Uma das perguntas para escolher um candidato é:
Esse candidato saberá lidar com as dificuldades que acontecerão durante o seu mandato? Ele terá condições de enxergar e aproveitar uma condição favorável acontecer?
Você talvez se engane quanto ao sentido desse texto. Tão importantes quanto o voto para presidente, são os outros votos.
Governadores, o Congresso Nacional e as Assembleias Legislativas sempre tem uma papel essencial na elaboração, execução e fiscalização de políticas públicas. Logo, a mesma energia dispendida para avaliar o voto para presidente, deveria ser empregada para escolher os outros votos.
Lá em setembro de 2010, escrevi um texto para o meu antigo blog, o Factóide1, que pode ser considerado até como uma prequela desta newsletter. Ali falei sobre várias coisas (algumas que hoje não concordo tanto assim).
Mas um assunto me veio na cabeça para o texto de hoje, o voto egoísta. Um voto em um candidato que parece com você, com suas ideias, e que entende os seus anseios.
Muita gente aparentemente não vota assim, mas a ideia de que se todos votarem de maneira egoísta, pensando apenas no próprio umbigo, talvez um resultado justo fosse alcançado.
De certa maneira, talvez essa ideia se expanda na fala de Michael Tubb, presidente da câmara municipal mais jovem da história dos EUA, que teve oportunidade em seu Ted Talk, de falar no poder político de ser um bom vizinho.
Pensar em melhorar nossa vizinhança pode ser uma maneira egoísta de buscar um bem comum. Principalmente, no Brasil, onde a desigualdade se encontra a poucos metros de distância.
A pessoa que mora na sua cidade é um vizinho, que mora no seu estado também, até mesmo os habitantes de estados brasileiros distantes de você também sente as decisões tomadas.
Talvez um voto que acabe implicando em melhora de saúde, educação ou segurança da sua comunidade (próxima ou expandida) pode acabar reverberando uma melhora para você e seus negócios.
A partir dessa nova forma de ver esse voto de egoísmo, em quem você votaria?
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Vizinhança
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Agora factoide se escreve sem o acento, na época do blog também, mas sabe como é, rebeldia de um adolescente tardio…